por Inajá Martins de Almeida
Podemos pensar no estudo, sem degustá-lo, dedicar tempo à sua
meditação. Quiçá afrontá-lo ao ponto de encontrar outros pontos além dos pontos
do autor?
Sim podemos. Caso contrário estudo passa simplesmente a ser mera
leitura, casual, que se perde no emaranhado de textos, em que o interesse primordial
se torna apenas informativo.
Fora o caso neste domingo em que a timidez de Moisés, personagem
bíblico que acostumado fôramos a enxergá-lo como libertador, intrépido, ousado,
agora, ante o texto a estudar, vem se apresentar como tímido, covarde,
embaraçado, ante a proposição imputada por Deus:
_ Moisés,
Moisés...
_ Eis-me
aqui...
Mediante essa premissa, abstraio alguns tópicos:
Curiosidade. No
primeiro momento passo a perceber que a curiosidade invade o sentir daquele que
adquirira por quarenta anos a sabedoria palaciana no Egito, ao ponto de ser
preparado à sucessão do faraó. A leitura nos dá essa liberdade, não a todos, a
alguns, de ir além da própria leitura.
Perplexidade.
Maravilhado, tomado pelo êxtase ante a visão da chama que não se consumia no
deserto, vai ao encontro do anjo que lhe aparece em meio a sarsa ardente.
Obediência. Retira
a sandália, ante o lugar sagrado que se encontra ao mesmo tempo em que cobre
seu rosto, “porque temia olhar para Deus”.
Aquele que a ele se apresentava:
_ “O Deus
de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó.”
Entretanto, o que motivara o diálogo inflamado com Aquele que se
apresentara como EU SOU. Aquele que vira a aflição dos cativos nas mãos dos
opressores. Aquele que a Moisés escolhera:
_ “Vai,
pois, eu te enviarei a Faraó, para que tires do Egito meu povo, os filhos de
Israel.”
Novos desafios ante o texto. Vista de pontos que apontam novos
pontos:
Incredulidade?
_ Qual é
seu nome? O que lhes direi? Moisés refuta...
Baixa
estima? Timidez?
Falta de
visão?
Desobediência
– desacato a ordem
Moisés acostumado fora a dar ordens, jamais receber ordem. Fora
criado dentro do palácio do Faraó e tinha plenos direitos sobre as pessoas do
local. Afinal, tudo lhe era novidade. Agiríamos nós de forma diferente?
Timidez
Assim, o estudo na escola dominical nos encaminha outro tópico, a
timidez.
Recorro ao dicionário e ele me aponta para a
classe gramatical substantivo feminino e conceitua como caráter de quem é
tímido, inseguro, acanhado, inibido. Mas também traz outra característica
marcante em que me apego mais detalhadamente – falta de coragem.
Ademais,
qual seria o antônimo de timidez? E encontro a coragem, a intrepidez, a
ousadia, o vigor, o destemor, a confiança, a bravura, a audácia, a vivacidade,
mas também o aventureiro, o ostentoso, o soberano, o orgulhoso, o presunçoso.
Vou um
pouco mais além e divago ao pensar na sensatez, antes mesmo de me ater aos
pontos que envolvem o diálogo entre Moisés e Deus e no mesmo dicionário
encontro a definição apontando para a qualidade do
que é sensato, prudente, ponderado, discreto, possuidor de bom senso moral.
A partir de então já possuo subsídios para dissertar sobre os
pontos que me tocaram fortemente o anseio pela busca de um texto, que venha
formatar minha impressão sobre o tema tão significativo. E, ao analisar as palavras encontradas:
TIMIDEZ
Opto por TÍMIDO, ACANHADO, INIBIDO.
Aliás, penso que qualquer um de nós poderia manifestar essa atitude ante aquele que abrira o mar, que alimentara o povo no deserto, trouxera pragas ao poderoso faraó.
SENSATEZ
Quanto a
nós? Como administramos nossa timidez? E nossa sensatez?
Ótimo estudo. Ótima reflexão, ao ponto de buscar esse entendimento neste momento.
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