quarta-feira, 21 de novembro de 2018

AS PERDAS ME LEVAM A ENCONTROS

por Inajá Martins de Almeida

Dias frios e chuvosos me levam às reflexões, muito mais do que dias claros e ensolarados. Esses dias, nesses derradeiros do ano, são mais freqüentes, razão pela qual procuro entendimento maior sobre mim. Agradeço, assim, o tempo calmo, chuvoso que me torna possível  encontros vários. Primeiro comigo, com meu interior, aquele que me torna  mais plena, mais cônscia de mim...

Percebo-me como aquela mulher a buscar pela moeda perdida, que não pode descansar até encontrá-la. E saio à procura de mim...

O que teria roubado minha paz? O que teria trazido a mim esse desejo premente de procura? A resposta, então, a mente me vem latente:

- Perdas! Perdas? ... 

Sim, são elas que vêm roubar espaços de mim. São elas que vêm também, organizar espaços em mim. São elas que ao invés de diminuir, acrescentam espaços em mim e logo recorro às linhas, aos vídeos que me elucidam, aos amigos que abrem seus ouvidos para me escutarem e trocarem, comigo, impressões.

Não me sinto só. Não posso me sentir só, com tantas descobertas, com tantos encontros. 

As perdas podem, assim, somar, porque busco acrescer meus espaços que, se vazios, necessitam serem preenchidos. 

E saio a procurar minha dracma. E, como aquela mulher chorosa, preocupada, triste, assoberbada pela ausência, pela perda, agora ao encontrá-la se lança em festa, convida amigos a partilhar dessa alegria eu, em meu espaço, aparentemente vazio, rejubilo, canto e torno pública minhas palavras.

Pude perceber, revendo meus espaços, que as perdas puderam me levar a outros tantos encontros e a outros tantos espaços.

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