quinta-feira, 17 de junho de 2010

O PRATO DE LENTILHAS

Sempre me percebo tempo demorado a buscar nas entrelinhas dos textos sagrados, entendimento para situações presentes. Procuro, então,  abstrair do passado, ensinamentos aproveitáveis para o momento atual; foi assim que me veio forte a mente – o prato de lentilhas.

Recorri a Gênesis capítulo 25 a partir do versículo 20, quando Isaque (filho da promessa de Deus para Abraão) toma a Rebeca como mulher, à qual, porém, sendo estéril, é agraciada por Deus e lhe nascem Esaú e Jacó – os quais viriam a formar duas fortes nações.

E os dois cresciam: Esaú – na graça do pai – se manifestava perito caçador; Jacó habitando tendas, mantendo-se quieto, compenetrado, obtinha o favoritismo da mãe.

Contudo, eis que um dia cansado pela caça exaustiva, Esaú chega do campo e depara-se com um belo prato de lentilhas, que Jacó terminara de cozinhar. Pede-lhe do guisado, o qual é correspondido, pelo irmão porém, sob condição de que lhe outorgasse a primogenitura, o qual prontamente se mostra favorável a troca, afinal de que lhe valeria a supremacia sobre o irmão, se viesse a morrer ali mesmo aos seus pés? Fora dessa forma que abjurara a benção a ele concedida através do nascimento.

E hoje?

Quantos Esaús podem ser encontrados, que desprezam bênçãos recebidas, mas não conquistadas; posições privilegiadas – em repartições públicas, empresas privadas, comércios, entidades de classe – facilmente trocadas por subornos, falcatruas, etc.

Quantos Esaús dentro dos lares, maridos ou esposas que desprezam bênçãos de sólidos casamentos por paixões irrefreáveis, trazendo dores, mortes, marcas irreparáveis.

Quantos Esaús que trocam o ensinamento dos pais, por falsos e enganosos “amigos “ nas ruas. Jovens que se deixam levar pela fantasia do ganho fácil, através do tráfico de drogas, do consumo abusivo de entorpecentes que dizima lares sem conta, do comércio do sexo – da venda do corpo por uns poucos centavos.

Quantos e quantos Esaús, tal qual aquele que a Palavra relata, o qual até chegou a se arrepender, mas tardiamente se prostrou aos pés do pai já velho e cego, o qual outorgara a benção a Jacó, minutos antes. Claro que também houve um preço a ser pago por Jacó, mas ele continuou firme na sua proposta, pois sua convicção na espiritualidade de Deus era maior do que sua fome física e passageira pelo guisado que preparara para si.

Quantos Esaús: pais, filhos, maridos, esposas, amigos, podem ser encontrados por todo canto – herdeiros da escravidão, da displicência, do desprezo.

Busquemos, pois, nossa primogenitura em Cristo Jesus, aquele que nos redimiu da maldição da lei, para que fôssemos herdeiros da promessa legada à Abraão, conforme muito bem esclarece o Apóstolo Paulo quando dirige carta aos Gálatas em especial em seu capítulo 3, versículos 1 à 29.

Esaú recebeu de Deus o direito à primogenitura, porém não a conquistou e facilmente a relegou. Jacó porém ousou conquistá-la.

E nós?
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Livro de Gênesis 25:20 - Bíblia Sagrada - edição Alfalit Brasil 2002
na interpretação de Inajá Martins de Almeida

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