quarta-feira, 21 de agosto de 2013

QUAL A EXTENSÃO DO NOSSO AMOR

Ultimamente tenho meditado muito sobre as palavras escritas no primeiro mandamento de Deus, através de Moisés e depois confirmadas por Jesus, quando então nos diz que se amássemos a Deus acima de todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos, os demais mandamentos estariam ali contidos.

Resolvi então degustar cada palavra, ponderar, analisar, questionar, dar um toque pessoal. Assim, vejamos.

Em primeiro lugar Ele nos pede que O amemos acima de todas as coisas, logo em seguida que amemos ao nosso próximo; até aqui tudo natural – é nosso dever, como seres humanos, que amemos nossos irmãos – porém, o que me tocou mais fundo ainda foi o que complementa a frase – como a ti mesmo.

Esquematizei, para que ficasse registrado em meus pontos:

1)     Amar a Deus acima de todas as coisas
2)     Amar ao próximo
3)     Amar a nós mesmos

Assim, pensei que poderíamos fazer uma analogia e inverter a colocação das palavras quando, até quem sabe, atentaríamos ao significado de forma mais concisa e clara. Desta feita, se a ordem dos fatores não altera o produto, que tal: amar a Deus acima de todas as coisas e a nós, como condição para amarmos nosso próximo? 

E o questionamento continuou forte em mim: se não nos amarmos, não nos respeitarmos, não nos darmos o devido valor, como poderemos então atribuir valor, amor e respeito ao nosso próximo? Julgo ser incoerente. Quanto mais amar a Deus?

Acredito até que se nos amássemos, déssemos o valor à nossa concepção, ao nosso nascimento, à vida que recebemos de forma espetacular na grande corrida pela concepção, respeitássemos nosso corpo não o contaminando com drogas, sexo abusivo, palavras torpes advindas de nossa língua, entenderíamos o amor que Deus sente por sua criação e facilmente poderíamos dedicar-lhe o amor que Ele nos pede. 

Aí a confusão ficou geral: será que amamos a Deus, acima de qualquer coisa? Se não conseguimos amar e respeitar aquele a quem vemos, como poderemos ter sentimento a alguém que não vemos? E porque Deus registraria numa tábua essas questões? Por que nos pediria, mais ainda, deixaria por escrito, em lei, em fundamento, em mandamento, que O amássemos?
O povo por Ele eleito, já pudera presenciar sinais e prodígios quando:

Liberto do cativeiro do Egito a pés enxutos passam através das imensas colunas formadas à direita e a esquerda do mar, que se abria ao toque do seu libertador Moisés, sem que mal algum lhes acometesse, em contrapartida aos carros dos egípcios que tragados eram pelas águas violentas do mar que se fechava à sua passagem.

Codornizes, no deserto, serviam-lhe de alimento.

Densa coluna de fogo exauria calor durante a noite e nuvens provocavam sombra abrigando a multidão do intenso calor do deserto, durante o dia.

Suas roupas se mantinham intactas, ainda que decorridos quarenta anos no deserto.

Mesmo assim havia murmúrio e desejo de volta ao cativeiro, regime que os mantivera por quatrocentos anos cativos de reis pagãos, que se autodenominavam deuses – os faraós.

Naquele momento, fazia-se necessário que leis fossem formuladas. Mandamentos editados.  Os anos de escravidão marcaram um povo que para liberdade fora criado.      

De repente, nesses questionamentos, encontro Anselm Grun a dizer que:

“sábio é aquele que gosta de si próprio, aquele que está reconciliado consigo mesmo; alguém que é capaz de sentir o próprio sabor, de degustar a si próprio, alguém que se reconciliou consigo mesmo e com a história de sua própria vida. Por isso em tudo quanto faz ele transmite um “sabor agradável”.

Sim, se ele pode sentir o próprio sabor agradável e suave de se amar, de amar o próximo, está então preparado para ser amado, ou até quem sabe, para se deixar amar.

Todavia, no meu questionamento consigo entender que tudo fica fácil e compreensível quando deixamos Deus assumir o controle de nossa vida; quando O amamos de toda intensidade, de toda nossa vontade, de todo nosso coração, somente possível quando percebemos que criados fomos por Ele e para Ele.

Porém, também sei que não é possível amar a quem desconhecemos, momento em que Ele nos dá sinais para que o busquemos de todo o nosso coração, em assim fazendo, nós o encontraremos, ao mesmo tempo em que encontro nas entrelinhas do texto sagrado Sua Palavra a nos dizer que sofremos porque nos falta entendimento.

E quando me vejo frente a frente com palavras de que Deus amou ao mundo de tal forma que entregou seu filho em amor de nós posso entender nossa dificuldade em amar, em nos entregar.

Aí, quedo-me em prantos e peço a Deus para que me ensine a amá-lo e logo um sopro suave vem me fazer companhia.


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Livro de Êxodos 34:28
Bíblia Sagrada - edição Alfalit Brasil 2002

na interpretação de Inajá Martins de Almeida
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