quarta-feira, 2 de maio de 2018

HERANÇA DE ADÃO


por Inajá Martins de Almeida

Todas as coisas foram criadas por Deus: céus e terra, luz, água, luzeiros no firmamento dos céus, animais para povoarem as águas, o  homem; feito sua imagem e semelhança, poderia ter domínio sobre todas as coisas por Deus criadas.

A tudo viu Deus o quanto era bom, porque a terra era sem forma e vazia e seu Espírito pairava sobre o abismo e as trevas.  

A terra sem forma e vazia, trevas cobriam a face do abismo. Sobre as águas pairava o Espírito de Deus. Bastava, contudo, um comando –  “Haja luz”... e houve luz.

E houve separação entre luz e trevas; dia e noite se identificaram. Águas se separaram, formaram Mares. Terras secas se juntaram e começaram a produzir relva, frutos e semente.

A tudo Deus achou bom.

No firmamento luzeiros apareceram – separaram-se dia e noite, estações para dias e anos.

Seres viventes povoaram a terra e os mares. Também a tudo Deus achou bom. E se era bom todas as coisas criadas, bastava à Criação criar o homem a sua imagem e semelhança e assim o fez e também achou bom.

Ao homem a incumbência de cultivar e guardar o jardim do Éden; tudo lhe era permitido comer, menos da árvore do bem e do mal. Sua condição humana imputava-lhe responsabilidade pelos seus atos, em detrimento da soberania do seu Criador, a quem deveria obediência e acato as ordens.

E Deus observava o homem e pensava não ser conveniente que este vivesse só, pois  faltava-lhe uma auxiliadora que lhe trouxesse alegria.

E Deus fez cair o homem em sono profundo e, da carne de sua carne, criou Deus a mulher e ambos se relacionavam e de sua nudez não se envergonhavam. 

Até que o desacato, a desobediência vem de forma sorrateira através da imagem de uma serpente. A mulher é o alvo central. Enganada come do fruto proibido e o dá ao homem que não se atém a adverti-la ou coagi-la do engano.

Ah enganoso o coração do homem... E corrupto... Quem o conhecerá? Deus!

E logo perceberam a nudez e se esconderam. Os dois não podiam se olhar – criou-se ali uma barreira. Buscaram cobrir-se, afastarem-se um do outro. Percebia-se naquele momento a desordem a instalar-se no âmbito familiar. Os dois que formavam uma só carne, agora se envergonhavam da própria conduta, ademais, quando se pensa que caminharão lado a lado eis que são interpelados:

- Onde estás?

Esconde-se o homem, porque tem medo da sua atitude – comeu do fruto proibido – da sua nudez, pior ainda, não chamar para si o erro e o atribui a mulher:

- A mulher que me deste como esposa me ofertou o fruto, e eu comi.

E Deus questiona a mulher e esta se diz enganada pela serpente, pior do que isso a inimizade ali se instalara, de geração em geração, abria-se sombras tenebrosas. O pecado consumiria corações e lares.

A herança de Adão nos faz olhar sempre o pior nas pessoas, como a dizer:

- veja a mulher que o senhor me deu.

Enquanto Deus a tudo achava bom, o homem – Sua criação – reduziu-se às trevas, ao lado disforme, vazio; despiu-se do Espírito de Deus, voltou à condição de pó, de barro, teria agora de ser trabalhado, remodelado, a fim de reconquistar aquilo que lhe fora entregue pelo mover de Deus que a tudo achava bom.

Envergonhava-se, agora o homem, de sua condição de nudez – física, mental, espiritual.  

Teria, pois de percorrer longo caminho para a árvore da vida. 

(Ge 1 / 3) 
  

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