por Inajá Martins de Almeida
Todas as coisas foram criadas por Deus: céus e terra, luz, água, luzeiros
no firmamento dos céus, animais para povoarem as águas, o homem; feito sua imagem e semelhança, poderia
ter domínio sobre todas as coisas por Deus criadas.
A tudo viu Deus o quanto era bom, porque a terra era sem forma e vazia
e seu Espírito pairava sobre o abismo e as trevas.
A terra sem forma e vazia, trevas cobriam a face do abismo. Sobre as
águas pairava o Espírito de Deus. Bastava, contudo, um comando – “Haja luz”... e houve luz.
E houve separação entre luz e trevas; dia e noite se identificaram. Águas
se separaram, formaram Mares. Terras secas se juntaram e começaram a produzir
relva, frutos e semente.
A tudo Deus achou bom.
No firmamento luzeiros apareceram – separaram-se dia e noite, estações
para dias e anos.
Seres viventes povoaram a terra e os mares. Também a tudo Deus achou
bom. E se era bom todas as coisas criadas, bastava à Criação criar o homem a
sua imagem e semelhança e assim o fez e também achou bom.
Ao homem a incumbência de cultivar e guardar o jardim do Éden; tudo lhe
era permitido comer, menos da árvore do bem e do mal. Sua condição humana
imputava-lhe responsabilidade pelos seus atos, em detrimento da soberania do
seu Criador, a quem deveria obediência e acato as ordens.
E Deus observava o homem e pensava não ser conveniente que este vivesse
só, pois faltava-lhe uma auxiliadora que
lhe trouxesse alegria.
E Deus fez cair o homem em sono profundo e, da carne de sua carne,
criou Deus a mulher e ambos se relacionavam e de sua nudez não se
envergonhavam.
Até que o desacato, a desobediência vem de forma sorrateira através da
imagem de uma serpente. A mulher é o alvo central. Enganada come do fruto
proibido e o dá ao homem que não se atém a adverti-la ou coagi-la do engano.
Ah enganoso o coração do homem... E corrupto... Quem o conhecerá? Deus!
E logo perceberam a nudez e se esconderam. Os dois não podiam se olhar –
criou-se ali uma barreira. Buscaram cobrir-se, afastarem-se um do outro. Percebia-se naquele momento a desordem a instalar-se no âmbito familiar. Os
dois que formavam uma só carne, agora se envergonhavam da própria conduta,
ademais, quando se pensa que caminharão lado a lado eis que são interpelados:
- Onde estás?
Esconde-se o homem, porque tem medo da sua atitude – comeu do fruto
proibido – da sua nudez, pior ainda, não chamar para si o erro e o atribui a
mulher:
- A mulher que me deste como esposa me ofertou o fruto, e eu comi.
E Deus questiona a mulher e esta se diz enganada pela serpente, pior do
que isso a inimizade ali se instalara, de geração em geração, abria-se sombras
tenebrosas. O pecado consumiria corações e lares.
A herança de Adão nos faz olhar sempre o pior nas pessoas, como a
dizer:
- veja a mulher que o senhor me deu.
Enquanto Deus a tudo achava bom, o homem – Sua criação – reduziu-se às
trevas, ao lado disforme, vazio; despiu-se do Espírito de Deus, voltou à
condição de pó, de barro, teria agora de ser trabalhado, remodelado, a fim de reconquistar
aquilo que lhe fora entregue pelo mover de Deus que a tudo achava bom.
Envergonhava-se, agora o homem, de sua condição de nudez – física,
mental, espiritual.
Teria, pois de percorrer
longo caminho para a árvore da vida.
(Ge 1 / 3)
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