terça-feira, 6 de setembro de 2011

PALAVRAS DE JÓ


Fico maravilhada ao me encontrar entre livros. Sempre os tenho ao meu redor. Jamais me aparto deles.

Ao adentrar aos textos sagrados, são as palavras que me transportam ao sentir, ao imaginar, ao refletir, ao degustar, ao decompor meu ponto de vista. Momento há em que me permito escrever: dê-me uma palavra e eu componho um texto; dê-me um texto e eu formato um livro. 

E são elas, as palavras, que me transportam aos personagens dos livros e é Jó – Homem “íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal... o maior de todo o Oriente”. (Jó 1:1,3) – que vem entretecer o texto.

Percebo-me, então, a imaginar que constantemente nos cobram referências: quando vamos adquirir algum bem, quando necessitamos abrir uma conta bancária, quando concorremos a uma vaga no trabalho e assim elas nos são solicitadas.

Mas, é Jó, aquele que detinha a melhor das referências, quando o próprio Deus questiona Satanás:

- “Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele...” (Jó  1:8).

E, mesmo que semelhança alguma se encontrasse entre os seres viventes, nem por isso foi poupado ao sofrimento: às investiduras de Satanás, às aflições das perdas sucessivas –  propriedades, servos, filhos, por fim, a própria saúde. Mais ainda, ver-se envolvido com “amigos” que lhe traziam mais peso aos seus dias, quando lhe questionavam a conduta imprópria, mediante tantos desalentos. Eram “consoladores molestos”. (Jó 16:2) 

Grande temor e desassossego lhe sobrevêm: “não tenho descanso, nem sossego, nem repouso, e já me vem grande perturbação”. (Jó 3:26) dia de sua concepç morte, porlhe sobreviera n   

Não tinha ele o consolo de Jesus – “no mundo tereis aflições... “,  mas extrai forças para dizer: “nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor”. (Jó 1:21)

Poderíamos até terminar aqui, uma vez que aquela doença que lhe sobreviera não lhe ocasionara a morte. Entretanto, ao mesmo tempo em que maldiz o dia de sua concepção: “pereça o dia em que nasci e a noite em que se disse: foi concebido um homem!” (Jó 3:3),  anseia  e sonha contar seu próprio drama : “quem me dera fossem minhas palavras escritas, que fossem gravadas num livro, com pena de ferro e com chumbo, para sempre fossem esculpidas na rocha!” (Jó 19:23-24)

Seria possível aquele a quem devotava sincero temor a Deus, investir-se contra a própria carne, ao ponto de se ver a blasfemar o dia de sua concepção? 


Sim, é possível, pois é esse mesmo homem que vem a presença de Deus e confessa que antes apenas O conhecia de ouvir falar, agora seus próprios olhos podem contemplar Sua grandeza; é também esse servo fiel que transforma a sorte dos amigos quando passa a lhes dispensar oração, mas também é esse mesmo homem que pode contemplar a benção que lhe é outorgada por Deus, quando toda sua riqueza lhe é restituída em dobro. (Jo 42:5, 10, 12)

Não sabemos exatamente o período em que viveu Jó – quem sabe o dos patriarcas, talvez até anterior a Abraão – sabemos ser da “terra de Ur” (Jó 1:1); a idade, possivelmente duzentos anos: “depois disto viveu Jó cento e quarenta anos... e morreu velho e farto de dias (Jó 42:16,17).

Eis aqui um dos livros mais lindos e inspiradores da Bíblia. Quarenta e dois capítulos repletos de lirismo, de pura literatura que me permitiram também deixar gravada uma pequena parcela de minha própria impressão.   


texto de Inajá Martins de Almeida 
inspirado no livro de Jó capítulos 1/42

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