segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A MULHER DE PILATOS

Cala-se Jesus perante Pilatos. Quando preso por seus algozes, acusado pelos chefes dos sacerdotes e anciãos, reserva-se o direito de manter-se em silêncio. Apenas uma vez, ao ser questionado pelo governador: - “És o Rei dos judeus?” – responde-lhe de uma forma não comprometedora: - “Tu o dizes”.

Ali, perante aquele que detinha o poder para julgar, libertar ou aprisionar, não se furtava às profecias contidas no Livro de Isaias: – “como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como ovelha muda perante seus tosquiadores, Ele não abriu a sua boca” (Is 53:7). Sabia claramente que ao não se defender em causa própria, tornar-se-ia nosso advogado e intercessor eternamente. Quem sabe até pudesse mudar a história, mas o curso natural haveria de se cumprir e deixou-se calar.

Pilatos, com certeza, almejava outra reação. Não se tem argumento perante o silêncio, principalmente diante de um justo. As muitas acusações a Ele imputadas, não atingiam aquele ser impoluto, que se mantinha calmo e sereno mesmo sabedor do martírio que horas após haveria de passar. Conhecia o Pai, com Ele tinha intimidade de filho; a eternidade, Sua morada, esperava-o, assim, mantinha-se silente.

No sinédrio a mulher de Pilatos manda-lhe dizer para que nada faça àquele justo. Seu sono fora acometido por visões horripilantes que muito a fizeram sofrer.

Que cenas seriam essas? O martírio? A crucificação de Cristo? Quem sabe o próprio sofrimento eterno? Jamais o poderemos saber, decorridos dois mil anos e afastados que estamos dos personagens que encenaram o palco da história mais magistral que escritor algum jamais pode reescrever.

A mulher não tem nome, apenas a conhecemos como “a mulher de Pilatos”. Não se apresenta em pessoa, costume da época; manda-lhe comunicar. Se o sonho lhe fora tão perturbador, poderíamos pensar que em suas mãos uma nova história pudesse ser contada, entretanto, sua mensagem não fora contundente ao marido, muito menos àquela multidão sedenta e persuadida pelos chefes dos sacerdotes e anciãos.

A mulher não ousou, mas com certeza o sonho a acompanhou pelo resto de sua vida, quiçá pela eternidade. As janelas, daquelas cenas, abertas em sua mente, jamais puderam ser fechadas.

Pilatos, sem argumentos, ainda pergunta ao povo: - “Que farei com Jesus, chamado Cristo?” e lava as mãos. Com certeza sua consciência jamais fora lavada.

E hoje? O que estamos fazendo com Cristo?


Texto de Inajá Martins de Almeida baseado na pregação do pastor Edson Quinezi – reunião dia 21/10/2010 – Igreja Batista Betel de São Carlos - Livro de Mateus 27:11-26

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