quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

NÃO SE COLOCA TECIDO NOVO EM ROUPA VELHA

por Inajá Martins de Almeida

É conveniente colocar tecido novo em roupa velha?

Tenho pensado muito nessa parábola de Jesus em minha própria vida.  
“   
            "Ninguém coloca remendo novo em roupa velha; porque o remendo força o tecido da          roupa e o rasgo aumenta”. (Mt 9:16)

Percebo o quanto é difícil consertar um trabalho executado com agulhas, com linhas  ou tecidos, cada qual a seu termo.

Gosto muito de trabalhos manuais, vez ou outra me coloco no exercício, principalmente o crochê; percebo assim, não ser possível tal prática – reformar um trabalho executado. Corta-se a linha, estraga-se a peça, por fim, trabalho perdido – tempo, material e a própria paciência, sem contar, claro, a decepção que advém do fato.   

Entretanto, passo a questionar outras situações – reformas, pequenas ou grandes: – pintar paredes da casa, móveis antigos, aproveitar algum objeto que nos fora de estima, dando-lhe coloração diferenciada.

Assim, idealizamos o que nos seja conveniente e partimos a campo: - aquisição de material, mão-de-obra (nós mesmos, quando possível), tempo, estresse, discussões. No percurso da empreitada, podemos nos satisfazer com algumas aquisições – afinal quanto de nossa vontade física e financeira dispôs nos preparativos para que tal intento pudesse ser concretizado; quem sabe, meses, anos até. 

O dia chega. Esquecemos que é remendo sobre casa velha – casa, paredes, teto, móveis. Sem pensar em nossa predisposição em perceber remendos necessários, até que, os buracos começam dar sinais do tempo – buracos que o presente abre em decorrência do passado  - brechas que não foram convenientemente fechadas, trabalhadas, quem sabe distante, ou aquém do nosso alcance físico, emocional.

Assim, alguns acabamentos são possíveis a resposta satisfatória, entretanto, a outros tantos se faz necessário o descarte – uma tinta não poderia cobrir os danos causados pela ferrugem, ainda que se colocasse produto adequado.   

Quantas vezes queremos adequar nosso caminhar ao nosso gosto e prazer, sabedores de que somos roupas velhas, pelo tempo que já vivemos – trinta, quarenta, cinqüenta, mais, quem sabe.

Percebemos, então, que a Palavra nos alerta que ao homem fora dado um tempo limitado – setenta anos. Porém, a ciência tem demonstrado que há possibilidade de avançarmos em dias, mas não nos alerta como fazer isso. Como não deixar que os remendos nos sobrevenham – cirurgias, doenças, administração de fármacos, consultas médicas periodicamente, sem falar do emocional, estresse, desavenças e mais.

E percebemos também que temos de conviver com distanciamentos, o tempo a nos privar de presenças desejáveis; o próprio trabalho que a nós advém – seria tão necessário assim?

Seriam os tais remendos novos que tentamos colocar em situações velhas e não sabemos chuleá-los, costurá-los e até arrematá-los?

Teríamos, pois que nascer de novo. 

Teríamos, pois de buscarmos viver em novidade de vida. 

Teríamos de buscar vestes novas e lançarmos em definitivo as vestes velhas. 

Sabedor de que somos caminhantes em nossa jornada, com nossas vestes rotas, nosso tempo passado, nossas vidas e experiências, Jesus nos vem provar que é possível mudar as vestes velhas e vestir uma veste nova, sem necessidade de remendos, desde que aberto o coração a velha criatura se abra para a nova.  

Bela reflexão sobre a Palavra. Jesus nossa roupa nova.

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