segunda-feira, 28 de março de 2011

ARREBANHADOR - Aline Negosseki Teixeira

Arrebanhador
             
Já te vestiu de lírios brancos?

Já comeu as sementes da simplicidade
com que o vento te alimentou?

Já te entregou às vestiduras dos campos,
estas engalanadas todas da singeleza do céu?

Já provou, irmão meu, do fruto escolhido,
o Maná saboroso, o pão santo,
com que te presentearam na hora da aflição?

Houve-te já um dia em que, resignado,
nada esperou, e do porvir não cuidou
e às horas do princípio da tarde
te trouxe e te alegrou o anjo da bondade
com a oferta da caridade?

Já chorou em face da injustiça?
Já chorou porque choravam também os outros?
Já se compadeceu com a dor de outra carne?
Já desejou curar do mundo as chagas?
Teve culpa por não ser digno de tal?

Já foi fácil se colocar no lugar do outro?
Já desejou ser cordial, gentil e benevolente ao teu desafeto?
Desejou já jantar em casa dele?
Ansiou que ele te tivesse um olhar afetuoso?
Chorou porque foi desprezado?
Sofreu, teve culpas, por ter sido capaz de desprezar?

Teve terrível fome e saciou-te com palavras?
Teve sede e saciou-te só quando ouviu falar de amor?

Já te afincou em projetos de afeto?
Já te afincou em projetos de bondade que ninguém mais soube?
Já quis estar com outros só pelo prazer da companhia?
Já visitou outrem para apenas estar junto?
Chorando se lá encontrou lágrimas?
Sorrindo se lá deparou com risos?

Como o anseio de comer quando a fome é grande
Já te foi muito natural estar condoído?

Desejou — com que ardentias! — que o fim estivesse próximo
e, ainda, se alegrou que ainda tanto demorasse
para que muitos mais tivessem a chance?

Sim, sim, sim, sim, sim, sim!
Sim, sim, sim, sim, sim, sim!

Então...

Vá irmão! Compartilhe o evangelho!
Divida a infinita herança dos testamentos!

As ovelhas sem pastor têm fome
estão sozinhas, estão com medo.
As ovelhas estão dispersas
no deserto e têm muitíssima sede.
As ovelhas estão exaustas,
elas estão fartas das feras e dos vis tosquiadores.
Seus corações estão feridos pela traição,
com o adultério da santidade.
As frágeis ovelhinhas estão famintas!

As ovelhas,
estão desamparadas a espera
que a verdade as alimente.

Vá irmão!
Sem orgulho, vaidade, ou pretensão,
seja arrebanhador para o Santo Pastor!
O primeiro, o único, o último
E que há de vir.
O digno,
O Cordeiro que tira o pecado do mundo.

Aline Negosseki Teixeira

3 comentários:

Rita Elisa Seda disse...

Só quem passou dificuldades na vida e, com a ajuda de Deus, ultrapassou esses obstáculos sabe o valor de estar em um rebanho onde o Pastor nos livra de todo mal. Lindo poema, Inajá! Beijos, felicidades e a paz!

Inajá Martins de Almeida disse...

Rita querida

Aline me autorizou a edição desse lindo poema inédito. Sou eternamente grata por esses encontros edificantes: Aline, Silvinha, Rita Elisa.

Aline Negosseki Teixeira disse...

Não importam as distências quando o Senhor quer arrebanhar suas ovelhas... ^^
tmb sou grata...

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