domingo, 20 de junho de 2010

FIQUE ATENTO QUEM PENSA ESTAR EM PÉ: a saga de Gideão

Gideão malhava o trigo no lagar.

Estranho não é mesmo? Lagar era o lugar onde as uvas eram pisadas para a extração de seu suco, assim, não apropriado para trigo, entretanto, lá o anjo do Senhor pôde encontrar o “homem valente” e dizer-lhe que “o Senhor era com ele”, dado sua bravura, ainda que se mostrasse o menor na casa de seu pai e procedente da família mais pobre em Manassés.

Gideão, o qual se inclinava a fortes sinais de insatisfação aos dominadores midianitas, sabedor dos milagres que seus pais lhe contara – que da terra do Egito foram libertos - agora se encontrava ali, numa situação de penúria, perante seus algozes, e a questionar o anjo. Porém, ao invés de perceber reprova é Ele, o anjo, quem lhe fala:

“Vai com tua força, e livra a Israel das mãos dos midianitas. Porventura não te enviei? (Jz 6:14)

Já ouvira a mesma voz lhe dizer: “o Senhor está contigo”, e denominá-lo “homem valente” mas, mesmo assim recua e pede sinais.

Será que hoje não acontece o mesmo conosco?

Quando nos deparamos com as maravilhas que o Senhor faz, através do emprego de nossos sonhos, almejado por centenas, quando a única vaga é  ocupada por nós e, mesmo assim, julgamos ser mérito de nossa capacidade e força do nosso braço?

Quando nos livra de um desastre iminente em que nosso carro, ônibus, avião, ou qualquer outro meio é todo estraçalhado e ilesos saímos, sem ao menos um arranhão sofrermos?

Quando a esterilidade nos é diagnosticada pelo médico e pouco depois a maternidade nos é concedida?

Quando nosso corpo é acometido por doença incurável, em que exames abalizados demonstram ser impossível reversão do quadro clínico, mas que em novos testes o que parecia impossível tornara-se possível e a cura fora certa?

Quando... Quando... Quantos quando mais poderíamos declinar, mas não necessários e mesmo assim pedimos sinais, como se Gideões fôramos?

Mesmo assim Deus concede provas – “e a mim provai” (Ml 3:10) – tanto a nós quanto a Gideão. Seria necessário? 

Gideão ousava. Erigia altar a Deus, oferecia o segundo boi de seu pai, ao mesmo tempo em que derribava o altar a Baal; separava trezentos homens para a peleja, conquistava povos dominadores, ganhava a confiança do seu povo, ao ponto de ser aclamado para dominar sobre eles: “domina sobre nós, tanto tu como teu filho, e o filho de teu filho, porque nos livraste das mãos dos midianitas”(Jz 8:22), conclamando, contudo, que o Senhor dominaria sobre eles. 

Mas, ao mesmo tempo em que grandes feitos envolvem sua existência, um tropeço – para si, sua casa, sua nação.

Ao invés de acatar a solicitação do seu povo, apenas se agrada de parte dos despojos, transformando-a em estola sacerdotal, a qual é confundida com ídolo do qual o povo, agora livre, passa a cultuar, valendo a queda irreparável de sua numerosa família e de todo o Israel que ali se prostitui.

Enquanto recolhido ao sepulcro de seu pai Joás, em boa velhice, seus filhos perecem ao fio da espada.

Contados em número de setenta, dado suas muitas mulheres, suas cabeças são cortadas sobre uma pedra, pelas mãos criminosas de homens atrevidos e levianos, contratados por Abimeleque (seu filho com uma concubina de Siquém) o qual para si almejara dominar sobre o povo de seu pai, salvando-se apenas Jotão, o mais jovem filho, o qual se escondera e a tudo presenciara.

O que pensar de um personagem que estivera frente a frente com o anjo do Senhor a lhe falar, a levantar sua estima, conclamando-o homem valente, de repente equivocar-se ao ponto de abarcar para si e seus descendentes amargo e triste desfecho?

Seria a confiança em si mesmo? Seria a soberba? Esquecera que permitido lhe fora as provas?

O Apóstolo Paulo, muito tempo depois frisaria:

“Deus não se agradou de todos, pelo que muitos caíram... o que pensa estar de pé, fique atento para não cair... não podeis beber do cálice do Senhor e do cálice dos demônios. Não podeis participar da mesa de Deus e da mesa dos demônios”.  (1Co 10:5/21)

O que, entretanto, podemos perceber é que o Reino de Deus é conquistado através de muita luta, dia após dia, que as tribulações oferecem oportunidades de crescimento, desde que entreguemos por completo nossa intenção na busca da verdadeira conquista.

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Livro de Juízes 6:11/40; 7:1/25; 8:35; 9:1/6
Bíblia Sagrada - edição Alfalit Brasil 2002
na interpretação de Inajá Martins de Almeida

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