segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

O QUE ESTAMOS A FAZER COM NOSSA ESTERILIDADE?


Texto de Inajá Martins de Almeida
sob os capítulos  Gênesis 12 em diante 


Chove. Há dias o tempo se sustenta em água. 2017 respira seus últimos suspiros. Envelhecem seus 365 dias. Entregam-nos outros mais. Multiplicam-se anos. Somam-se alegrias, dores e tristezas. Vemos pessoas cansadas. Vemos pessoas desorientadas. Vemos... Entretanto, não conseguimos perceber a presença de anjos que nos falam, apontam-nos promessas. Apenas olhamos para o alto e observamos estrelas... Com elas sonhamos. Queremos alcançá-las. Não nos atemos ao anjo e rimos. Observamos apenas nossa condição infértil. Desacreditados continuamos olhar estrelas no céu e o anjo a partir, sem nos darmos a devida nota. 

Cibernéticos nos tornamos. Sentimos orgulho de pertencermos a Era Digital. Era Global. Pobres e nus... As vestes não nos cobrem a solidão, a insegurança, a incerteza, a ansiedade e tudo mais.  

Envolta a situações adversas, vales de ossos secos, a  Palavra me leva a personagens singulares – Abrão e Sarai. E penso. E reflito o que está escrito e esboço meu pensar. 

Viajo no tempo, mas também posso encontrar sarais e abrãos em nossa jornada. Personagens que me direcionam as linhas. A eles me valho. A elas me lanço ávida. 

Confesso não ser este o melhor dia de minha jornada. Já os tive muitos melhores, também piores, entretanto a reflexão me faz parar a buscar a Sarai e o Abrão que se encontram em mim: - não, contudo, os personagens que a Escritura nos traz, mas aqueles que aos poucos foram buscando morada: descrença, mentiras, contendas, incredulidade, passividade, lascividade, pecados. Mais pudera acrescentar. Cada qual tem suas saras, seus abrãos.

Épocas outras. Irmãos por parte de pai. Consortes a buscar gerar família. Todavia o futuro reservaria infertilidade a Sarai, mesmo Abrão sob promessa de se tornar grande nação – Sara permanecia estéril e avançava em dias.

Abrão contentava-se com o sobrinho Ló, a quem dispensava bens, partilhas e cuidados, enfrentando exército feroz de homens maus. Sarai observava calada em sua tenda. Tio e sobrinho cresciam em bens físicos, mas não em bens espirituais – contendiam, não podiam ocupar mesmo espaço e se separavam.  

Abriam-se as esterilidades espirituais. Enquanto Sarai, em sua tenda, observava a escrava Agar em seus afazeres, Abrão observava as estrelas do firmamento, Ló constituía família em terra de pecado.        

E nós em tempos modernos? Onde nossa esterilidade?

Anjos aparecem a Abrão – eram três. Anunciam-lhe a chegada da promessa – a constituição de uma grande nação. Deus já havia pedido à Abrão que olhasse o céu e contasse as estrelas. Esquecera? Apagara de sua mente a lembrança?

Poderia ser possível que naquele homem, que nos chegou a dias atuais como o pai da fé houvera incredulidade? Sarai cuja madre lhe seria aberta à passagem de numerosa nação o mesmo aconteceria?  

Então? Abrão ri ante a impossibilidade – Sarai avançava em idade. A ele, também impossível, mas quem lhe mandava recado, quem lhe falava não eram as circunstâncias naturais era o sobrenatural que a tudo pode.

Sarai também ri – desacreditada dela e do sonhador Abrão. O marido que vinha colocando feridas em sua jornada, tantas que se podiam contar:

- saída do seu lugar de segurança, para peregrinar em terras estranhas;
- envolvimento com pessoas de conduta dúbia, a pensar no sobrinho;
- encontros com reis de outras nações;
- mentiras a que fora submetida a compactuar, por duas vezes, muito embora      meia mentira, mas as conseqüências drásticas demais,

mais ainda,

- entrega de Agar, a que Abrão não conjecturou e Ismael nasceu, nascendo         assim, sob promessa de Deus a nação que se perde de vista.  Nação que em     futuro entraria em confronto com o irmão que nasceria. Nações que contenderiam e se dividiriam.

Penso nas Sarais que todos os dias, em todo o planeta são ultrajadas, lançadas a sorte, ao escárnio, ao pecado, ao repúdio e mais drástico ainda, a morte.

O tempo não fora acatado. A que ponto se chega à descrença, à incredulidade, à infertilidade. Mesmo anjos se apresentando, Deus falando, o discernimento cega e ensurdece, a espera cansa e por si toma atitude; a crença de que o cumprimento da promessa se fará em dia, hora e local prometido desaparece. 

Ismael já é fato concreto e cresce, abrindo mais chagas no viver de Sarai.

Agora, mudam-se os nomes - Sara e Abraão – marido e mulher – perante Deus a constituição da grande nação – mas a roupagem ao que parece continua a mesma. Isaque nasce, cresce o menino, quando o mais grave, o momento crucial lhes advém. Agora não mais ao casal, mas a Abraão. É Deus a pedir a restituição do filho da promessa e sai o patriarca. Madrugada adentra, pai e filho seguem.

Onde Sara. A Palavra não nos expõe o fato. Pensamos apenas o que é um filho para uma mãe. Por que Deus a pedir o sacrifício dessa natureza ao pai? A mãe não entregaria? Não disporia o filho da promessa? Quem sabe?!  Ana soube entender tempo depois e Samuel desmamado seguiu para a casa do profeta Eli.

Aqui apenas fica a sensação das feridas abertas em Sara. E vemos Isaque retornar, não mais para o convívio com sua mãe, mas para terras estranhas. O que teria acontecido. Será que não acontece hoje também?

O que se conta é que Sara morre aos 127 anos no local de sua segurança. No local que lhe inspirava, posso imaginar a presença de Deus em seu viver. 

Sua tenda, decorridos anos, se manteria intacta até a chegada de Isaque e Rebeca, entretanto, Abraão prantearia sua morte, ainda que nova família lhe trouxera a união com Quetura.

Por que temos de chegar a esse ponto. Por que não almejar que a alegria chegue com a manhã como o fizera o apóstolo Paulo e nos entrega linda mensagem?

Ainda assim, Deus nos dá a promessa de que podemos ser novas criaturas. Deixarmos a velha para traz, seguir caminho certo quando nos entrega seu próprio filho para que possamos ter vida – vida em abundância.

Sob esses apontamentos, pude encontrar a pregação do Pastor Benhour Lopes da qual percebi que há homens que se preocupam com as feridas de Saras em nosso tempo.

Ótimo início de ano – 2018.


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Acompanhe a pregação

       
 https://www.youtube.com/watch?v=MTZX_x2D8wU

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