por Inajá Martins de Almeida
Assistia eu a um treinamento do psiquiatra,
escritor e palestrante Roberto Shinyashiki, quando me deparei com uma fala que
me tocou fundo:
- “Você
precisa ter fome”.
Estanquei. Passei a inquirir o sentido da fome.
Percebi que só caminhamos quando as necessidades nos forçam a sair da área de
conforto.
“E a fome
era gravíssima na terra.” Gn 43:1
Olhei para dentro de mim. Acompanhei minha
trajetória através da linha do tempo. Entre linhas e rabiscos, chuleei a jovem
na capital paulista, recém formada, desempregada, mas dona de um sonho maior do
que aquela imensidão. Emaranhado de pessoas que iam e vinham no burburinho das
alamedas ruas e avenidas – todas abertas a conduzirem os sonhos da jovem. Janelas
a vislumbrar horizontes infindáveis dos que sonham e buscam se realizarem
através deles.
Era o sonho que movia o olhar inquieto. A mente a trabalhar
em compassos alterados, enquanto gravitava em busca da realidade do sonho, o sonho
realizável. Da realidade, o sonho real. A fome embalava o sonho.
Sonho... Dias após ao assombro, a fome me levaria a
desvendar a existência de duas pessoas apenas: as que sonham e as que estão
mortas. Logo formado estava o triângulo: - a fome, o sonho e a sonhadora.
A jovem sonhadora cedera lugar à senhora sexagenária
cheia de sonhos. Sentia-me viva, ainda mais diante das lembranças. Os sonhos
que se transformaram. Sonhos realizados. Sonhos abafados. Sonhos sonhados.
Mas... Sonhos.
Era eu a jovem que trazia na bagagem, muitos
sonhos. Visões de um futuro alinhavando sonhos. Sou eu a sexagenária, que não
perdeu os sonhos, ainda que muitos sonhos se tenham perdido pelos caminhos. Sonhos
de sonhadores...
Eis que devemos nos lembrar dos nossos sonhos, “porquanto se achou neste Daniel um espírito
excelente e conhecimento e entendimento, interpretando sonhos e explicando
enigmas e resolvendo dúvidas...” (Dn 5:12)
Porque afinal percebi, que, “em toda a maneira e em
todas as coisas estou instruída tanto a ter fartura como a ter fome... “ (Fl
4:12)
Fome de sonhos!
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