sábado, 15 de fevereiro de 2014

QUANDO À PORTA BATEM ABRIMOS?

por Inajá Martins de Almeida

Será que podemos pensar naqueles que estão do lado de dentro dos muros, nas igrejas, dobrando seus joelhos, lendo, tomando ciência da palavra de Deus, nascidos num lar cristão, como impolutos perante um mundo tão corrupto?

Será que podemos vislumbrar seguir seus exemplos? Assimilar o comportamento que nossos olhos externos depreendem?

Questionamos.

Entretanto o que deparamos!

Adão recebia o paraíso para cuidar. Descuidou. Blasfemou. Culpou: - “a mulher que me dera por companheira”. Mentiu. Em momento algum se humilhou, embora se percebesse nu.

Ló se enriquecia, por terras do deserto, ao lado do pai da fé – Abraão, seu tio. Seus olhos e seu coração vislumbram e alcançam vales verdejantes. Para trás a segurança e zelo do tio amoroso, a frente destruição e ruína para si e sua descendência, nas verdes campinas.

Esaú detinha a primogenitura de Jacó, o homem que lutou com o anjo. Trocou-a por um prato de lentilhas.

Geazi, o moço que acompanhava Eliseu, aquele da poção dobrada de Elias, perdia-se pelo caminho. A ganância do favorecimento o torna leproso. Alcança sua descendência para sempre. Perde a poção do profeta.

Eli deixava de ouvir a voz de Deus e de sua cadeira, dentro do templo, não tinha olhos para os abusos dos filhos. A cegueira física e espiritual, o peso dos anos e do seu envelhecido corpo o levaria ao desenlace trágico, da mesma cadeira que por anos compartilhara seus descasos.

Quantos mais...

O que dizer então das trinta moedas de ouro?

Agora um dos doze. Fora escolhido. Não mais cobrador de impostos, mas de almas. Andava com o Senhor. Compartilhava do ensinamento. Porém, seu corpo podia ser visto em toda parte, mas seu coração não deixara práticas ilícitas. Os favorecimentos detinham lugar de destaque em seu coração.

Judas desprezaria a glória a ele reservada. O galho da árvore agora lhe proporcionaria o precipício.

Impressionante...

Príncipes e sacerdotes dos anciãos, profundos conhecedores da lei, insuflariam motim. Persuadiriam a multidão. O bem e o mal se enfrentariam. Contra forte gritaria argumentos plausíveis não encontram eco. Mãos lavadas. Sentença decretada. A morte de cruz.

“ – Que o sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos...” (Mt 27:20.25)

Blasfemam os doutos da lei. A si proferem sentença insensata, quiçá impensada.

Mas os olhos daquele justo, envolto a suor e sangue, corpo moído e transfigurado, apenas se voltam para um no meio da multidão ensandecida.

Acuado a um canto, Pedro é encontrado.

- Pedro tu me amas?...

Ao Pai pede perdão aos seus algozes. Ao último suspiro entrega sua alma. Tudo se consome.     

Não há desculpas...

Ainda que queiramos voltar à pesca, quando os olhos de Jesus nos encontram é Ele quem nos persuade a lançar a rede do lado direito.

Jesus nos convida a cear. Quer nos lavar os pés. Quer nos tornar um dele. Dar-nos seu corpo e seu sangue.








“Eis que estou a porta e bato...”










O que podemos responder? 

Abrimos? 

Ou simplesmente nos mantemos cegos, surdos e nus dentro dos templos!

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