quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

SILÊNCIO

por Inajá Martins de Almeida


Aprendemos que na música o silêncio tem significado. A pausa. O momento em que a música descansa para dar continuidade à frase melódica.

Parei a pensar! O dicionário nos diz ser o silêncio a ausência de ruídos. Sossego. Repouso. Deparei-me com  palavra. Repousei na Palavra.

Confesso que momento houve em que o silêncio me causava pânico. Solidão. Dor. Perda. Hoje aprendi a valorizar cada instante de silêncio. Nas madrugadas, quando o sono me afronta, aproveito para estar a sós com aquele que se tornou meu amigo confidente – o silêncio.  

Passo ouvir seus sons, absorver seu próprio silêncio, quando então posso me silenciar. É que "existe no silêncio uma tão profunda sabedoria que as vezes ele se transforma na mais perfeita das respostas. Porque é fácil trocar as palavras, difícil é interpretar o silêncio ". Ah! Poeta Fernando Pessoa.   

Aprendi que o silêncio nos silencia. Torna-nos mais contemplativos. Aproxima-nos da natureza que nos responde em trinados e gorjeios de pássaros. Em suaves sons do vento que ao menos imaginamos de onde vem. Na chuva que molha a terra.

Silêncio que nos pede silenciar o próprio ruído. Silêncio que nos envolve, que nos transporta que nos transforma em silêncio. 

O silêncio de Jesus confundia o impoluto Pilatos. Ao poder soberano de Deus não se contrapõe argumentos.

Homens e mulheres que levados ao deserto silenciam. Que pisam lugar santo. Tiram a sandália. Que ao voltarem buscam cobrir o rosto com véu para não ofuscarem a multidão. Que em silêncio clamam à alma a esperança que vem de Deus, porque sabedores que bom é ter esperança e aguardar em silêncio.

Silêncio... É Deus que nos pede. É Deus que se mantém em silêncio nos céus.

Por que tão difícil silenciar?


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