domingo, 16 de outubro de 2011

EIS QUE TUDO SE FEZ NOVO

Texto de Inajá Martins de Almeida

Tenho pensado e meditado muito nas palavras do apóstolo Paulo. Não é ele que nos exorta a sermos novas criaturas em Cristo Jesus? Que as coisas velhas podem passar e tudo se fazer novo?

Ao mesmo tempo em que me encontro a maravilhar ante a expectativa de um futuro promissor nos caminhos do Senhor, o inimigo, aquele que anda a nosso derredor, traz à lembrança um passado que insiste e persiste em voltar e permanecer, constantemente. Um passado o qual, Ele mesmo já nos lavou e nos perdoou, mas que o inimigo encontra brechas para trazer a tona lembranças atrozes que nos impedem a caminhada.

Por que não podemos olhar para grandes exemplos que a Palavra nos deixa? Por que não almejamos fortemente colocar em nossa mente que as coisas velhas passaram e que somos novas criaturas no presente? Seria outro Jesus? Estaríamos criando um Jesus adaptado aos nossos gostos e sentimentos? Um Jesus para os dias modernos?

A citar apenas alguns casos fantásticos, percebemos ser possível abandonar a velha criatura e nos revestirmos com a nova. Basta apenas uma mudança de pensamento. Uma mudança de conduta. Um querer mudar. Um querer se transformar.

Basta que criemos pontes e não levantemos cercas. 

Não fora assim com o paralítico que há anos sofria de um mal incurável? Não foram perdoados seus pecados, ao invés de ser curado daquela doença?

Entretanto, uma palavra a seguir pode nos chamar atenção. Jesus já havia perdoado os pecados do paralítico. Não sabemos quais, agora pede para que se levante, tome o próprio leito e ande.

Restava ao homem recém-perdoado se levantar. Exercitar a obediência. Deixar para traz a velha criatura, o velho pensamento, a velha prostração. Tomar o leito da própria sina em que se encontrara por longos anos. Perceber que fora pecador, mas agora podia vislumbrar da plena liberdade dos pecados perdoados. E caminhar. Sair daquela situação que o privara por longos anos de uma vida digna, saudável. Assim o fizera. Um capítulo se fecha ali. Basta-nos apenas saber da obediência do paralítico e dos amigos que o encorajavam.

E nós? Seríamos audaciosos ao ponto de não medirmos esforços, a despeito dos amigos e o próprio paralítico que adentram o recinto, através do telhado, onde se encontra Jesus e grande multidão, chamando para si toda a atenção? 

Seríamos obedientes ante Sua petição? Bem...

Poderíamos imaginar aquela mulher que por longos anos sofrera de um fluxo sanguíneo que a privara de uma vida social abalizada junto com os seus, quando rasteja em meio à multidão e apenas toca a orla da roupa de Jesus e sabe que ali seus pecados são perdoados, mediante a cura iminente?

Uma época em que à mulher nessas condições apenas lhe restava o apedrejamento, dado a sua condição impura de se apresentar perante a sociedade? Que esforço tremendo. Que fé contagiante que faz com que Jesus sinta forças saírem de dentro de si ao ser tocado. Que crença tremenda que brota daquele corpo apagado, que em fração de segundo se transporta de um estágio letal para a vida plena?

Sairíamos nós da zona de conforto, o qual estivéssemos colocados, à buscar cura para o mal que tanto nos priva de caminhar?

O que dizer então da mulher grega, da nação siro-fenícia, aquela que não se intimidou ante a palavra de Jesus quando diz não ser conveniente dar o pão aos cachorrinhos. Podemos imaginar que situação constrangedora? Uma mulher, uma nacionalidade que não judia, ante uma multidão. Um homem de que ouvira falar sobre os feitos, comparada a cachorrinhos? Grande fé! Falta-nos hoje. As migalhas foram suficientes para ver a filha liberta do mal do passado. Eis que tudo se fez novo a partir daquele momento.  

O que podemos dizer então da mulher pega em flagrante adultério. O apedrejamento fatal. Jesus, contudo, escreve na areia. O que estaria a escrever? Importa? Para muitos sim. Não para o que segue. Jesus sabia do projeto dos homens. Conhecia seus corações endurecidos. A mulher percebia o seu derradeiro destino e se calava atônita, envergonhada, sem ação alguma.

Eis que o silencio de Jesus é rompido: - “Aquele que jamais pecou atire a primeira pedra”. Silencio total. Um a um depõe as pedras ao chão e sai. A mulher se vê só, na mesma posição em que se prostrara. Silente apenas aguarda o veredito final, mas a surpresa – “Onde estão aqueles que te acusam”? ...  - “Vá e não peques mais”.

Não estaria ali selando um pacto de esquecimento? Para Ele aqueles pecados ficaram no passado. Havia uma novidade de espírito a ser vivida, e foi, a partir daquele instante.

Eis que ela crê e o segue a partir de então. Na cruz a encontramos. No sepulcro lá estava ela a questionar aos anjos – “Aonde levaram meu Senhor?”. Também a encontramos a lamentar a perda do seu amado mestre.  - “Mulher porque choras?”. É Jesus que lhe conforta. A ela aparece primeiro.  

Sim, ao lado de Jesus podemos encontrá-la todo o tempo. Deu testemunho de que tudo se fez novo. Aquela que prestes se encontrava ao apedrejamento, optara pela vida. Morre a adúltera, nasce uma nova mulher. Imaculada. Liberta do fardo do pecado.  

O cego de nascença.  - “Quem pecou este ou seus pais?”. Não seria pois Jesus a luz do mundo? Ali a obra de Deus estava prestes a ser manifestada. O gesto de Jesus a cuspir na areia. O lodo formado. O emplastro sobre seus olhos. Uma condição: - “Vai e lava-te no tanque de Siloé”. Uma obediência. A visão restaurada. Uma janela que se abria para a vida. 

Estaríamos nós propensos a pagar o preço? Afinal, queremos ser libertos dos nossos pecados. Entretanto, seríamos nós perdoadores? Não rogamos ao Pai Nosso para que nossos pecados sejam perdoados? Também não expressamos que perdoaríamos os nossos ofensores?

Porém, o que comumente ouvimos e falamos é que – eu não posso perdoar tal ofensa. Então! Seríamos coerentes ao solicitar perdão sobre nós, se ao menos capazes somos de perdoar, quando é o próprio Jesus que nos diz que devemos perdoar setenta vezes sete vezes – ao dia? Não significaria perdoar sempre?

Ao nosso julgar, parece que Jesus estava equivocado. Não é mesmo? E nossa obediência, a quantas anda?

Entretanto, se tudo se fez novo, se nova criatura somos em Cristo Jesus, tudo se torna possível sim. Basta apenas um gesto de fé. Um gesto de obediência, para que tudo se transforme. Para que tudo se faça novo...



Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...