terça-feira, 4 de junho de 2013

ANA SE LEVANTA

Reflexões de Inajá Martins de Almeida

Naquele dia fora diferente. Ana se levanta. Não se mostra passiva, ainda que alma amargurada, coração contrito, diante do Senhor expõe toda sua dor e chora. Seus lábios se movem vagarosamente. Sua voz não se pode perceber. Agora é seu coração que clama e, ainda que não o possa saber, atinge o coração daquele a quem clama.

Todos os anos Ana recebia porção dupla. Era a maneira de Elcana manifestar o amor pela esposa, ainda que esta se sentisse humilhada e ultrajada pela esterilidade. Penina a provocava. Ana chorava e não comia.

Quantas vezes Peninas são colocadas nos caminhos de Anas, ao ponto de lhes tirarem o sono, a fome. Peninas que desconhecem  a dor da infertilidade. Peninas que não se importam com as lágrimas de Anas. Peninas que se infiltram nos lares de Anas?

Mas... nesse ano fora diferente... Que ano?

A Palavra do Senhor diz que certo homem Elcana todo ano subia de sua cidade para adorar e sacrificar ao Senhor, acompanhado das esposas Ana e Penina, filhos e filhas.

Eram outros tempos. Sim! Será que podemos encontrar similaridade em nossos dias?  

A Elcana bastava a porção dupla para Ana. Alheio ao anseio de Ana que almejava um filho em forma de retribuição ao amor e dedicação do esposo.

Aquele ano não poderia ser igual a todos os outros. A subida empreendida haveria de culminar a descida em júbilo.

Eli, sentado numa cadeira no templo observava Ana e a repreendia. A idade avançada, o peso que os anos lhe imputara no corpo, a visão enfraquecida não lhe permitiam enxergar o que estava reservado a sua casa. A cadeira ancorada à coluna do templo sustentava a indiferença dos quarenta anos de sacerdócio. A visão turva compactuava a permissividade das mãos dos filhos ao tomarem para si as primícias das panelas.  Agora era a Ana que lançava palavras torpes: - "Até quando estarás embriagada... "

Enquanto a visão distorcida de Eli buscava retirar de Ana o propósito da maternidade, Deus a observava e já lhe concedia vitória. Desta vez a subida não lhe seria vã. A petição valia-se de argumentos novos. Era o que faltava. Ana almejava um filho. Deus queria um profeta. Ana entendeu. Ana obedeceu. Ana ofertou Samuel.

Naquele dia eis que tudo se fez novo. Ana precisava se levantar. E levantou. Ana precisava olhar para o alto. E olhou. Perceber a mão do Senhor tocar seu ventre. Abrir sua madre. Embalar seu sonho. Enxugar suas lágrimas. Honrar sua fertilidade. Ana a tudo se maravilhou.

Agora é Ana que se alegra no Senhor e Lhe restitui o filho amado para O servir diante do sacerdote Eli.   

A partir de então, aos anos vindouros, nova roupagem. Ana subiria. A túnica, tecida com mãos afetuosas de mãe presente, representaria a Ana que se regozijava no Senhor seu Deus, Sua Rocha. Aquele que lhe enxugara as lágrimas. Honrara sua maternidade. 

Samuel crescia e ministrava diante do Senhor. Ana se fortalecia no Senhor. Ria-se de seus inimigos. Encontrava graça nos três filhos e duas filhas que lhe foram acrescentados pelo Senhor.

Bastava a Ana se levantar.
Anas! 

Vamos despertar nossa Ana. Tirar nossos olhos das "peninas" que almejam nossa infertilidade. Vamos olhar para a fertilidade do Senhor. Ofertar nossos "samuéis" em gratidão.  


_______________________


Apontamentos de Inajá Martins de Almeida sobre o primeiro livro de Samuel capítulos de números 1 à 3

_______________________________

Pastor Willian Sodré apresenta belíssima explanação sobre a Síndrome de Ana 

http://www.youtube.com/watch?v=CJvU-4nq38E

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...