Naquele dia fora diferente. Ana se levanta. Não se mostra passiva, ainda
que alma amargurada, coração contrito, diante do Senhor expõe toda sua dor e
chora. Seus lábios se movem vagarosamente. Sua voz não se pode perceber. Agora
é seu coração que clama e, ainda que não o possa saber, atinge o coração
daquele a quem clama.
Todos os anos Ana recebia porção dupla. Era a maneira de Elcana
manifestar o amor pela esposa, ainda que esta se sentisse humilhada e ultrajada
pela esterilidade. Penina a provocava. Ana chorava e não comia.
Quantas vezes Peninas são colocadas nos caminhos de Anas, ao ponto de
lhes tirarem o sono, a fome. Peninas que desconhecem a dor da infertilidade.
Peninas que não se importam com as lágrimas de Anas. Peninas que se infiltram
nos lares de Anas?
Mas... nesse ano fora diferente... Que ano?
A Palavra do Senhor diz que certo homem Elcana todo ano subia de sua
cidade para adorar e sacrificar ao Senhor, acompanhado das esposas Ana e
Penina, filhos e filhas.
Eram outros tempos. Sim! Será que podemos encontrar similaridade em
nossos dias?
A Elcana bastava a porção dupla para Ana. Alheio ao anseio de Ana que
almejava um filho em forma de retribuição ao amor e dedicação do esposo.
Aquele ano não poderia ser igual a todos os outros. A subida empreendida
haveria de culminar a descida em júbilo.
Eli, sentado numa cadeira no templo observava Ana e a repreendia. A
idade avançada, o peso que os anos lhe imputara no corpo, a visão enfraquecida
não lhe permitiam enxergar o que estava reservado a sua casa. A cadeira
ancorada à coluna do templo sustentava a indiferença dos quarenta anos de
sacerdócio. A visão turva compactuava a permissividade das mãos dos filhos ao
tomarem para si as primícias das panelas. Agora era a Ana que lançava
palavras torpes: - "Até quando estarás embriagada... "
Enquanto a visão distorcida de Eli buscava retirar de Ana o propósito da maternidade, Deus a observava e já lhe concedia vitória. Desta vez a subida não lhe seria vã. A petição valia-se de argumentos novos. Era o que faltava. Ana almejava um filho. Deus queria um profeta. Ana entendeu. Ana obedeceu. Ana ofertou Samuel.
Naquele dia eis que tudo se fez novo. Ana precisava se levantar. E
levantou. Ana precisava olhar para o alto. E olhou. Perceber a mão do Senhor
tocar seu ventre. Abrir sua madre. Embalar seu sonho. Enxugar suas lágrimas.
Honrar sua fertilidade. Ana a tudo se maravilhou.
Agora é Ana que se alegra no Senhor e Lhe restitui o filho amado para O
servir diante do sacerdote Eli.
A partir de então, aos anos vindouros, nova roupagem. Ana subiria. A
túnica, tecida com mãos afetuosas de mãe presente, representaria a Ana que se
regozijava no Senhor seu Deus, Sua Rocha. Aquele que lhe enxugara as lágrimas.
Honrara sua maternidade.
Samuel crescia e ministrava diante do Senhor. Ana se fortalecia no
Senhor. Ria-se de seus inimigos. Encontrava graça nos três filhos e duas filhas
que lhe foram acrescentados pelo Senhor.
Bastava a Ana se levantar.
Anas!
Vamos despertar nossa Ana. Tirar nossos olhos das "peninas" que almejam nossa infertilidade. Vamos olhar para a fertilidade do Senhor. Ofertar nossos "samuéis" em gratidão.
Vamos despertar nossa Ana. Tirar nossos olhos das "peninas" que almejam nossa infertilidade. Vamos olhar para a fertilidade do Senhor. Ofertar nossos "samuéis" em gratidão.
_______________________
Apontamentos de Inajá Martins de Almeida sobre o primeiro livro de
Samuel capítulos de números 1 à 3
_______________________________
_______________________________
Pastor Willian Sodré apresenta belíssima explanação sobre a Síndrome de Ana
http://www.youtube.com/watch?v=CJvU-4nq38E
Nenhum comentário:
Postar um comentário