quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

JESUS ACALMA A TEMPESTADE



Em alto mar – no barco – Jesus dormia.

Grande agitação... Mar revolto lançava o barco ora para cá, ora para lá.

Dos céus, clarões iluminavam a escuridão; trovões estarrecedores quebravam o silêncio lúgubre daquela noite de pescaria.

Os pescadores, acostumados que estavam com as intempéries do mar, jamais viram cena igual.

Acometidos de grande temor e tremos, em alto brado, pressentindo perigo eminente, clamavam:

– Jesus... Jesus... Vamos morrer!

Calmamente Jesus dormia. Nada abalava aquela alma serena.

Novamente brados contritos gritavam mais forte:

– Mestre... Mestre... vamos morrer!

Mas afinal, como podia Jesus dormir em meio à tamanha agitação?

Acorda então Jesus, e com um simples sinal, um simples levantar de mãos, cessa a tempestade.

Atônitos, aqueles que há pouco gritavam, calaram-se, sem nada entender. Interrogativos, olhavam-se. Quem era aquele que curava enfermo, dava visão ao cego, ao coração contrito trazia alento, multiplicava pães e peixe, perdoava o pecador, acalmava a tempestade?

Quebra por fim o silêncio, e repreende aqueles que o acompanhavam:

– Homens de pouca fé, porque temais então, se no barco eu me encontro?


Todos calaram e, cabisbaixo, não puderam responder, porque realmente, Jesus estava no barco e disse bem; contudo, Ele não estava dentro de cada tripulante!



Leitura Bíblica Lucas capítulo 8 versículos 22 à 25
Texto de Inajá Martins de Almeida

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Sobre as Ondas

Mário Barreto França





Era noite. O alto mar se enfurecia.

Para o barco veloz que à morte avança,

Não restava uma simples esperança

De incólume rever a luz do dia...



Entre as brumas, porém, da noite fria

Aparece uma sombra, calma e mansa...

Era um fantasma? – Não! – era a bonança

Que em Jesus, como bênção, se anuncia.



Inda hoje o mar do mundo se encapela:

E, no barco da vida, já sem vela,

Não nos resta sequer uma ilusão...



Mas – Senhor! – sobre as ondas revoltas,

Volta a trazer às almas torturadas

O consolo da tua salvação!

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"O domínio de qualquer arte é trabalho para uma vida inteira. A poesia é uma arte, arte que Mário Barreto França, que já foi o mais declamado poeta evangélico brasileiro, levou quase 60 anos para dominar"
Jefferson Magno Costa 


O GRANDE MURO

Enquanto um homem – Neemias – buscava pela reconstrução do grande muro e, consigo, trazia trabalhadores que se irmanavam na mesma fé, dois homens – Tobias e Sambalate – procuravam denegrir a necessidade desse ato.



Muitos desanimavam e se entregavam a críticas, mas, os que perseveraram até o fim, foram galardoadores da concretização da obra em tempo pré-estabelecido – 52 dias.

Quantos somos os Neemias e quantos os Tobias e Sambalates. Ainda hoje os vemos por toda parte; Neemias anônimos que se infiltram na multidão, que buscam a reconstrução de vidas caídas, vidas que foram sendo tragadas pelos problemas do cotidiano, pelos vícios, pela divisão familiar, pela adversidade financeira, pela fraqueza espiritual – muros caídos e queimados.

Tobias e Sambalates que buscam lançar por terra obras de reconstrução de muros, com palavras negativas, derrotistas, invejosas – quantos os vemos em toda parte.

Porém, não importa os dias, se cinqüenta e dois, ou tantos quantos forem necessários, para uma reconstrução, o que realmente importa é que o muro esteja de pé, livre de quaisquer Tobias ou quaisquer Sambalates. O que realmente tem significado é que sejamos Neemias, sempre atentos, ocupados em fazer a grande obra de reconstrução de muros caídos e, sobremodo, não nos deixar contaminar por vozes de dúvida que sempre surgem para nos desviar do objetivo da nossa reconstrução interior.



Leitura Bíblica Livro de Neemias
Texto de Inajá Martins de Almeida

O COBRADOR DE IMPOSTOS

Jesus passava... Grande multidão o seguia. Gritava, clamava, esbarrava em seu corpo. Ao longe um homem rico, de grande influência pública, de pequena estatura, tocado por invisível força, buscava ver o Mestre dos mestres. Pecador que era, sentia-se incapaz de se aproximar daquela impoluta pessoa que por ali passava.


Buscava, contudo, colocar-se num alto local, para apenas ver Jesus. Despendia grande sacrifício na escalada, do mais alto galho, de frondosa árvore, que se interpunha ao caminho dos passantes. Com fé inabalável, julgava que somente por olhar o Mestre, seu coração seria aquecido. Não media esforços; o sacrifício não o incomodava. Bastava-lhe, contudo, ver Jesus.

Acometido de grande surpresa, eis que o Mestre pára sob aquela árvore.

Silêncio...

Todos se calam. Jesus levanta seu olhar e grita em alto brado:

– Zaqueu... Zaqueu... desça daí, vá para casa e prepare-me a refeição, que ainda nesta noite lá estarei.

A multidão atônita, sem nada entender, julga aquele comportamento inesperado. O que levava o Mestre a se aproximar daquele vão pecador. Jesus sabia... Estava se cumprindo a vontade do Pai... Ele viera para trazer vida, e a vida em abundância; para remir o pecador. Para salvar alma caída.

Zaqueu sofria... Seus pecados o acusavam. O Mestre tudo sabia. Conhecia aquele coração muito antes dele haver se formado. A multidão nada entendia: apenas acompanhava Jesus, levada por curiosidade.

Em casa do cobrador de impostos, este – Zaqueu – tomado de perplexo entendimento, dirige-se ao Mestre:

– Senhor, digno não sou de estar em Sua presença, pois a muitos tenho lesado, porém, darei minha fortuna para ressarcir todo mal que tenho feito.

Jesus sabia, então, que naquele momento a salvação entrara dentro daquela casa, e em silêncio... saiu.



Leitura Bíblica Lucas capítulo 19 versículos 1 à 10
Texto de Inajá Martins de Almeida

O AUTOR DO SALMO



Uma cidade, rica pelo seu alto nível cultural, promove concurso, cujo intuito era conhecer aquele que detinha o dom da retórica.

Muitos se apresentam e classificados, ao final da competição, são convocados um promotor público, um poeta e um velho pastor. Muitos textos são apontados para, de improviso, apenas um, ser declamado; o tão conhecido Salmo 23 é sorteado então.

Grande expectativa assalta os moradores, que se dirigem ao teatro local, para assistirem aquele duelo de oradores.

O promotor é logo convocado a se apresentar. Altivo, voz postada, sabia como ninguém declinar o verbo. Detentor da palavra – e da retórica – esta lhe saia forte, eloqüente; aos ouvintes convencia, ao ponto de ao término da apresentação, todos se postarem unânimes em aplausos e ovação.

Logo em seguida o poeta se faz presente. Com a rima e com a métrica, transforma o Salmo 23 em melodioso verso, que salta dos seus lábios, quebrantando o mais duro coração. Os presentes, confusos, puderam perceber que enquanto um possuía a eloqüência no falar, outro lançava dos lábios a musicalidade de uma alma de poeta. Aplaudido de pé, este consegue superar os argumentos do promotor.

Por fim, o velho pastor, humildemente se apresenta. Sua voz tênue, embargada pela longevidade dos anos, sereno adentra o palco e contempla a platéia, como se fora do púlpito, seus fiéis. O silêncio aguarda aquela que seria a última apresentação.

O velho pastor, como a contemplar o invisível, com voz suave, mas firme e penetrante, impõe as mãos no coração e discorre o Salmo 23. Seu rosto, tomado de brilhante luz, já não era mais de um velho; a jovialidade tomava conta daqueles olhos brilhantes que iluminavam o local e a todos encantava.

Ao término, olha a platéia que, às lágrimas, se queda em silêncio total. Nenhum aplauso, nenhuma ovação sequer... Não havia motivo para tal. Aquela palavra não tocara a emoção; caíra direto no espírito de cada presente – levara os ouvintes não mais a eloqüência da retórica, tampouco a melodia da métrica, mas sim à presença do Senhor – o Deus Altíssimo.

Não pudera ser outro o escolhido, senão o velho pastor e, quando o autor do prêmio foi outorgar-lhe a comenda, tomado de comoção, a voz embargada, declara:

- “O promotor soube postar toda sua retórica no Salmo, quanto ao poeta, valendo-se da métrica e da rima, para o Salmo, trouxe a musicalidade do verso, porém, o pastor conhece o autor do Salmo e com Ele tem grande intimidade”.


Texto de Inajá Martins de Almeida

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