segunda-feira, 17 de setembro de 2018

QUEM PODERÁ ROUBAR NOSSOS SONHOS?


por Inajá Martins de Almeida


Estamos morrendo sem o perceber. Estamos passivos ante a velocidade com que o mal prolifera e nos mantemos atados, com respostas evasivas, passivas, tais como:
“final dos tempos...”
“a Palavra está se cumprindo...”
“no final dos tempos o amor se esfriara...”
“Haverá inversão de valores: o certo estará errado; o errado certo...”
“normal...”
Não... Não... Não... Não devemos nos deixar quedar ante o inimigo insolente que está querendo roubar nossos sonhos melhores – o sonho de Deus.

Davi se levanta. Olha as possibilidades ao seu redor e agarra – apenas uma funda e uma pedra. A sua frente o temível gigante que a todos amedronta, agora o afronta... Será?

Davi clama... Sabe que o que está com ele não é a pequenez do seu tamanho, a fragilidade das suas forças, a inexperiência da idade – menino ainda – mas sim dAquele que lhe prepara o reinado vindouro e esboça:

- Você vem com seu escudo, com sua espada – eu vou com meu Deus.

Precisamos encontrar Deus. Conhecer Deus. Caminhar com Deus. Seguir com Deus.

Davi se levanta. Golias cai por terra. Deus clama vitória.

Temos de encontrar nossos Davis. Despertar nossos Davis. O mundo clama por Davis.

Quem poderá enxergar as possibilidades?

Quem poderá retirar de si as sandálias?

Quem estará apto a ser enviado?

Quem poderá dizer: - “eis-me aqui”?

Quem poderá lutar com anjos, pela benção de Deus?

Quem poderá permanecer em torres de vigia em apelo a Deus – “Até quando”?

Quem poderá clamar por justiça?

Homens do passado – tantos. Temos de encontrá-los – em nós. Temos de resgatá-los – em nós. Tirá-los do papel da história e nos tornarmos partícipes na mesma obra. Do mesmo teatro. Trazê-los próximos de nós e nos tornarmos unos com eles.

Não podemos nos permitir os bastidores ou platéia – um a se esconder, outro assistir.

Não... Jamais...

Temos de ocupar o palco e representar nosso papel. Sermos protagonistas no cenário global. Porque há insolência no ar. O inimigo está insolente, querendo assolar ao seu redor.

Vamos resgatar o passado. Os personagens que tanto nos inspiram com sua mensagem e garra. Sermos no presente o que almejam para nós.

Homens e mulheres virtuosos... Onde encontrá-los?

Existem sim...  

Portanto... Quem poderá roubar nossos sonhos?


sexta-feira, 14 de setembro de 2018

VOCÊ NÃO DESISTE NUNCA – ME DIZ


por Inajá Martins de Almeida

Poderia ter sido uma manhã como tantas outras – um quarto, uma cama quentinha, um cafezinho servido a bom gosto, livros a cabeceira; em mãos apontamentos vários – mas não o fora.

Poderia ter sido o local dos meus devaneios matinais, mas não o fora.

De repente... Tudo me era novo: corredores imensos, paredes brancas, faixas, de um marrom claro contrastando, a quebrar aquele imenso gelo de paredes. No chão, faixas coloridas – azul, verde, vermelha – apontavam direções e caminhos.

Pessoas circulavam – cadeiras de rodas, macas, equipamentos diversos; passos firmes, compassados, cada qual a seu ritmo, numa melodia harmoniosa coloriam, vibravam no espaço em tons que brilhavam e espargiam no ar.  

Olhares cruzavam-se –  sombrios, vagos, temerosos alguns; alegres, esperançosos outros mais.

Eis que, a um canto, sentada em pensamentos um caminhar me faz acompanhar aquela dança que, calmamente era executada por passos retos, firmes, seguros de si, num andamento que mais parecia uma marcha em desfile cívico.

Na sala, aquele que me trouxera até este local, aguardava a outras baterias de exames, a que nos últimos meses se vira obrigado a fazer.

Uma silhueta de mulher, esguia em seu pijama azul de algodão, echarpe preto com frisos brilhantes adornava-lhe o dorso, cobria parte de suas costas, terminando por um singelo nó, bem aprumado no colo. Um turbante colorido escondia a queda dos cabelos; um par de brincos iluminava aquele rosto que se tingia de rosa, iluminava os lábios que sorriam e fazia saltar àqueles olhos que espargiam alegria em agradecimento a vida. Era a elegância, a figura de mulher elegante, como pouca, a desfilar naquele corredor, agora improvisado em passarela, aos olhos atentos de quem pode observar cena ímpar.

Quis esboçar, em palavras, meus pensamentos, mas... Retraí-me, envergonhei-me e calei e apenas pude expressar um breve bom dia, deixando seguir aquele ser esguio que tanto me impressionou a postura.

Agora, ao cair da tarde a praça da rodoviária, um banco de cimento, árvores ao redor, poucas pessoas podem ser testemunhas destas linhas que acompanham o retorno a casa.

Lembranças daqueles brancos corredores, daquelas rampas que se alongavam entre declives e aclives, fazem-me companhia. Um quarto repleto de aparelhagem. Corpos inertes. Ali aquele que tanto me corresponde aos anseios, aquele que durante tantos anos me tem significado o sentido da vida, clama pela saúde que se debilita ao questionar indolente da doença que luta entre vírus interiores.

Agora são as linhas que me encontram e, ao mesmo tempo em que se escrevem ao me escrever, almejam o próximo reencontro, sempre uma caixinha de surpresa, ante os acontecimentos em que os minutos, que não tem pressa em se apressar, tornam-se mutantes, no mesmo patamar das lutas que se travam entre corpos interiores e equipe externa que não se rende aos fatos.

E, como há pouco pude me alegrar aos ouvir – “você não desiste nunca”, posso também almejar que, o mesmo bom senso que me soube expressar, compreenda que o não desistir faz parte da caminhada, tendo expressivo significado para a conclusão dos acontecimentos que se desenrolam.

Que realmente, não há como desistir, quando se tem a certeza de que “o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem com a manhã" como nos ensinou o apóstolo Paulo.

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