Ultimamente
tenho meditado muito sobre as palavras escritas no primeiro mandamento de Deus,
através de Moisés e depois confirmadas por Jesus, quando então nos diz que se amássemos
a Deus acima de todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos, os demais
mandamentos estariam ali contidos.
Resolvi
então degustar cada palavra, ponderar, analisar, questionar, dar um toque
pessoal. Assim, vejamos.
Em
primeiro lugar Ele nos pede que O amemos acima de todas as coisas, logo em
seguida que amemos ao nosso próximo; até aqui tudo natural – é nosso dever,
como seres humanos, que amemos nossos irmãos – porém, o que me tocou mais fundo
ainda foi o que complementa a frase – como a ti mesmo.
Esquematizei,
para que ficasse registrado em meus pontos:
1) Amar a Deus acima de todas as coisas
2) Amar ao próximo
3) Amar a nós mesmos
Assim,
pensei que poderíamos fazer uma analogia e inverter a colocação das palavras
quando, até quem sabe, atentaríamos ao significado de forma mais concisa e
clara. Desta feita, se a ordem dos fatores não altera o produto, que tal: amar
a Deus acima de todas as coisas e a nós, como condição para amarmos nosso
próximo?
E
o questionamento continuou forte em mim: se não nos amarmos, não nos
respeitarmos, não nos darmos o devido valor, como poderemos então atribuir
valor, amor e respeito ao nosso próximo? Julgo ser incoerente. Quanto mais amar
a Deus?
Acredito
até que se nos amássemos, déssemos o valor à nossa concepção, ao nosso
nascimento, à vida que recebemos de forma espetacular na grande corrida pela
concepção, respeitássemos nosso corpo não o contaminando com drogas, sexo
abusivo, palavras torpes advindas de nossa língua, entenderíamos o amor que
Deus sente por sua criação e facilmente poderíamos dedicar-lhe o amor que Ele
nos pede.
Aí
a confusão ficou geral: será que amamos a Deus, acima de qualquer coisa? Se não
conseguimos amar e respeitar aquele a quem vemos, como poderemos ter sentimento
a alguém que não vemos? E porque Deus registraria numa tábua essas questões?
Por que nos pediria, mais ainda, deixaria por escrito, em lei, em fundamento,
em mandamento, que O amássemos?
O
povo por Ele eleito, já pudera presenciar sinais e prodígios quando:
Liberto do
cativeiro do Egito a pés enxutos passam através das imensas colunas formadas à
direita e a esquerda do mar, que se abria ao toque do seu libertador Moisés, sem
que mal algum lhes acometesse, em contrapartida aos carros dos egípcios que
tragados eram pelas águas violentas do mar que se fechava à sua passagem.
Codornizes,
no deserto, serviam-lhe de alimento.
Densa
coluna de fogo exauria calor durante a noite e nuvens provocavam sombra
abrigando a multidão do intenso calor do deserto, durante o dia.
Suas roupas
se mantinham intactas, ainda que decorridos quarenta anos no deserto.
Mesmo
assim havia murmúrio e desejo de volta ao cativeiro, regime que os mantivera
por quatrocentos anos cativos de reis pagãos, que se autodenominavam deuses –
os faraós.
Naquele
momento, fazia-se necessário que leis fossem formuladas. Mandamentos
editados. Os anos de escravidão marcaram
um povo que para liberdade fora criado.
De
repente, nesses questionamentos, encontro Anselm Grun a dizer que:
“sábio é aquele que gosta de
si próprio, aquele que está reconciliado consigo mesmo; alguém que é capaz de
sentir o próprio sabor, de degustar a si próprio, alguém que se reconciliou
consigo mesmo e com a história de sua própria vida. Por isso em tudo quanto faz
ele transmite um “sabor agradável”.
Sim,
se ele pode sentir o próprio sabor agradável e suave de se amar, de amar o
próximo, está então preparado para ser amado, ou até quem sabe, para se deixar
amar.
Todavia,
no meu questionamento consigo entender que tudo fica fácil e compreensível
quando deixamos Deus assumir o controle de nossa vida; quando O amamos de toda
intensidade, de toda nossa vontade, de todo nosso coração, somente possível
quando percebemos que criados fomos por Ele e para Ele.
Porém,
também sei que não é possível amar a quem desconhecemos, momento em que Ele nos dá sinais para
que o busquemos de todo o nosso coração, em assim fazendo, nós o encontraremos,
ao mesmo tempo em que encontro nas entrelinhas do texto sagrado Sua Palavra a
nos dizer que sofremos porque nos falta entendimento.
E
quando me vejo frente a frente com palavras de que Deus amou ao mundo de tal
forma que entregou seu filho em amor de nós posso entender nossa dificuldade em
amar, em nos entregar.
Aí,
quedo-me em prantos e peço a Deus para que me ensine a amá-lo e logo um sopro
suave vem me fazer companhia.
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Livro de Êxodos 34:28
Bíblia Sagrada - edição Alfalit Brasil 2002
na interpretação de Inajá Martins de Almeida