Em
meus questionamentos, passo a perceber que a humanidade, em toda sua história, jamais
presenciara momentos tão confortáveis. Porém, em meio a
tantas benesses que a era atual possa proporcionar, jamais em tempo algum se
viu tanta doença, tanta falta de fé, de esperança, de amor, de perspectiva de
vida.
Contra senso?
Universo
informacional adentra lares. Tecnologia compactua benefícios incontáveis.
Informação disseminada através da galáxia internet, em tempo real, pode ser
compartilhada num simples toque de dedos. Redes conectadas a fios cibernéticos, tornam corpos inertes, ante uma tela fria. Viajantes anônimos.
Estudos. Pesquisas. Vasto conhecimento gerado através dos anos, séculos e milênios, faz parte da biblioteca universal conectada a fios, numa rede incontrolável
e interminável, a qual pode proporcionar ganho de tempo. Ainda assim, muitos
alegam a falta de tal. O cansaço para a leitura. O despreparo para a escrita.
Computadores
de última geração, abreviando espaço e tempo ante a comunicação, conta bancária
favorável, trabalho facilitado pelas máquinas, na maioria das vezes não bastam
para proporcionar satisfação plena.
A casa
confortável. O carro do ano anterior, já passa a ser menosprezado, ante o
último lançamento. Sapatos, bolsas, roupas, celulares, rapidamente alimentam o
consumismo exacerbado, mas a satisfação está aquém do desejável. Rostos tristes
podem ser encontrados nas ruas, nos lares, nas casas noturnas, até nas igrejas.
Envereda-se
pela senda tortuosa do ter. Traz-se ao primeiro plano o que se julga urgente e
necessário – coisas que se podem adquirir e que, supostamente, julga-se trazer
satisfação. O ser – a construção da pessoa, do caráter - é trocado, largamente
banalizado, relegado a outros momentos.
Seria
o cumprimento de uma das profecias? O deus deste mundo tem obstruído o
entendimento para cegar a visão espiritual?
A ciência
se multiplica. O amor de muitos se esfria. Em contrapartida, ainda se pode
encontrar velhos a sonhar. Jovens visionários a se transformarem ante a
indignação das ações deste século. Vasos que se deixam moldar pelas mãos do
oleiro.
Quem sabe sobre tempos
difíceis? Quem pode responder sobre oportunidade para o crescimento?
Portas largas que convidam ao prazer, ao engano do ganho rápido e
fácil?
Portas estreitas que se abrem àquele que se encontra fraco à colaborar para o ser forte?
Tempos difíceis. O justo florescerá como a palmeira,
sabedor de que o assentar-se à roda dos escarnecedores lhe rouba a bem
aventurança. No esconderijo do Altíssimo o descanso se opera, à sombra do
Onipotente.
O bordão e o cajado tornam-se sustentáculos em tempos difíceis. Convidam-nos à aplicação da leitura. Insista. Persista.
"Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento", nos alerta o apóstolo Paulo em Rm12
Texto de Inajá Martins de Almeida
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